Os livros de Campbell já salvaram a minha vida. E não foi uma vez só não. Depois de vagar atrás de uma religião, depois de ler filósofos, procurar externamente as respostas para as dúvidas existenciais todas, encontrei sentido em tudo lendo Campbell. Primeiro "O Poder do Mito", depois todos os outros, inclusive os volumes de "As Máscaras de Deus". O que ele diz? Bem, ele diz que tudo o que é externo, não interessa. Ou quase não interessa. Sua teoria do monomito vem sendo usada há décadas por Hollywood, que aprendeu que as histórias são sempre as mesmas, e elas têm que ser contadas sempre, ad infinitum, para satisfazer essa necessidade que o homem tem de um espelho, de um mito para se plasmar. Ele acha que não devemos nos plasmar nos mitos, mas podemos aprender com eles, encontrar o nosso próprio herói interior a partir das histórias míticas - e até de outras, mais prosaicas. Assim, precisamos de Jesus, com sua história sendo contada sempre, há dois mil anos, diariamente nas igrejas. As histórias, em si, são sempre as mesmas, assim como a história de Jesus é igual à de Buda e à de Moisés, entre outros. A história, em si, quase não importa: elas servem como metáforas para idéias maiores, idéias que devemos tentar apreender - e não compreender, muito menos como História, como insistem os religiosos fanáticos.
Compreender que o mistério é inalcançável, que se filósofos poderosos não conseguiram decifrar as questões existenciais - e não sou eu quem vai conseguir, que o inexplicável da vida é a sua beleza, que a poesia sublima nossa existência e que estamos todos intrinsecamente sozinhos e ao mesmo tempo juntos nessa nave Gaia - portanto todos dependemos uns dos outros, devemos respeitar o outro acima de tudo, especialmente por conta dessa interdependência e por mais: por sermos dotados de inteligência e racionalidade, qualidades que devem levar para longe a violência e a agressividade. A metáfora que Camplbell sempre usava para exprimir tudo isso tinha origem oriental. Ele gostava de contar que certa vez conheceu um sábio chinês que disse não compreender as religiões ocidentais, com suas rezas e toda racionalização. Campbell perguntou como os orientais se conectavam com o mistério, e o chinês respondeu: "Nós dançamos". Dançar, no sentido religioso oriental, é desviar dos passos do grande dragão. O dragão está aí, no mundo, ele é gigante e invisível. Ele está caminhando por entre as pessoas e se a gente dança, sai do raio de ação de suas patas. Assim, dançar é também estar sempre em movimento. Movimentar-se de maneira intuitiva, deixando a vida fluir, estando atento à tudo, mas sem a obsessão da razão, flanar com satisfação pelo mundo, viver plenamente. Para dizer tudo isso, Campbell cunhou a frase: "Follow your bliss". Sempre segui minha intuição e tudo ficou bem mais fácil depois de Campbell - ele me deu o guia para isso. Não sabia que um brasileiro, lá nos EUA, também fã de Campbell, ia ler um texto meu sobre o mitólogo. O texto foi publicado na Amálgama. Ele gostou. E me chamou para trabalhar em seu projeto de rede social diferente, uma rede social que privilegie as histórias de cada um, os mitos, as afinidades eletivas, que discuta temas adultos: o YuBliss.
Assim, através de Campbell, atentos à dança do universo, eu e John Lima nos tornamos amigos e estamos nessa viagem, tocando esse site, para o qual você está convidado - isso se a sua relação com a internet for além de fofoquinhas, celebridades e tuitadas toscas. Na segunda (26/10) e durante toda a semana realizo um fórum sobre Joseph Campbell e suas idéias em YuBliss. Estão todos convidados. Dêem uma olhada e participem - especialmente se a intuição disser que sim. Pode ser bem interessante.
Espero todos lá. :>)